terça-feira, 24 de julho de 2012

Direitos Legítimos (1): introdução

Quem quer direitooo??
No post passado demonstrei por que Direitos Sociais, apesar de muito populares (e populistas), são uma aberração teórica e, consequentemente, prática. São um problema teórico porque consistem em tratar como direitos coisas que são produtos, o que significa que as pessoas serão obrigadas a produzí-los para tais direitos poderem ser garantidos a outras pessoas. São ainda um problema prático porque, mesmo o Estado conseguindo obter o dinheiro necessário, o Estado é ineficiente em aplicá-lo e garantir tais direitos a todos.

Um outro problema que vale ser mencionado é o da necessidade de "relativização", "harmonização" e "compatibilização" constante de direitos por causa dos (inevitáveis) conflitos que surgem quando se criam direitos que obrigam uns a servirem outros — conflitos que são resolvidos levando-se o caso ao Judiciário pra que ele decida, por maioria, qual direito vai sair perdendo em face de qual, no Super Trunfo jurídico da “relativização de direitos”.

Qual seria então a concepção correta de direitos, uma que garantisse direitos absolutos em lugar de direitos que ficam sambando conforme o humor de políticos e juízes?

O texto a seguir, do blog ocapitalista.com, apresenta tal concepção a partir dos "direitos sociais", que já vimos, numa comparação que tornará claras as diferenças.

Há três direitos fundamentais que todo indivíduo possui, em virtude de sua natureza. Por ser um indivíduo dotado de razão, todo ser humano tem direito à vida, propriedade e liberdade.

Estes direitos não são garantias, são liberdades:

O direito à vida não é uma garantia de que a pessoa terá suas necessidades saciadas, apenas que estará livre da agressão de outros contra sua vida;

O direito à propriedade não é uma garantia de que a pessoa terá riquezas, apenas que estará livre da ameaça de que outros venham a tomá-la contra sua vontade;

O direito à liberdade não é uma garantia de que a pessoa poderá fazer o que quiser, apenas de que outros não a obrigarão a fazer nada.

O ponto fundamental sobre os direitos individuais é que por serem conseqüência da natureza humana todos os possuem igualmente – e como conseqüência os direitos de duas pessoas nunca estão em conflito.

Esta ausência de conflito entre os direitos das pessoas é decorrência do fato de que o direito de uma pessoa não impõe uma ação a outros – apenas requer que os outros não ajam de forma a agredi-lo:

O direito à vida de um não obriga o outro a alimentar, vestir ou abrigá-lo – apenas o proíbe de matá-lo;

O direito à propriedade de um não obriga o outro a lhe dar propriedade – apenas o proíbe de tirar dele o que ele já tem;

O direito à liberdade de um não obriga o outro a lhe ajudar – apenas o proíbe de ameaçá-lo fisicamente.

É evidente que as pessoas podem não matar, não roubar e não se ameaçar mutuamente sem nenhum conflito entre seus direitos.

O conceito de “direito” é roubado quando se usa esta palavra para representar seu oposto. Isto é feito através de anti-conceitos freqüentemente agrupados sob o título “direitos sociais”.

Roubar palavras é artifício constante no discurso esquerdista e populista, e deixa o adversário despreparado sem reação. Quem defende a liberdade precisa conhecer os artifícios de quem a pretende destruir.

Na sociedade há dois meios possíveis de interação: a razão e a força. Substituir a razão por mistificação só interessa a quem pretende impor a força. As esquerdas e os populistas usam palavras para provocar emoções, não para transmitir idéias. Isto lhes é necessário, pois a política que defendem é a imposição da força sobre o indivíduo. Ninguém aceitaria isto se entendesse o que está em jogo.

Este roubo se dá através da invenção de “direitos” positivos, ou seja, direitos que garantem algum bem ou serviço e não apenas a ausência de agressão. Alguns exemplos comuns são o “direito à educação”, o “direito à saúde”, o “direito à alimentação” entre tantos outros.

Um “direito à educação” não é uma liberdade, não se trata de algo inerente à natureza humana. Deixado completamente livre da interferência alheia o indivíduo não ganha educação automaticamente. Educação é resultado do trabalho – do próprio indivíduo que aprende e de alguém que o ensina.

O “direito à educação” de um, portanto, impõe a alguém o trabalho de educá-lo. Ao contrário dos verdadeiros direitos, este alguém terá de agir para respeitar o “direito” do próximo – não basta não agredi-lo.

Um “direito à saúde” é um caso análogo. Deixado completamente livre da interferência alheia o indivíduo não fica saudável automaticamente. Alguém precisa curá-lo das doenças que vier a ter. Saúde é resultado do trabalho de alguém.

O “direito à saúde” de um, portanto, impõe a alguém o trabalho de curá-lo quando adoece. Ao contrário dos verdadeiros direitos, este alguém terá de trabalhar para respeitar o “direito” do próximo – não basta não agredi-lo.

Vale observar que o direito à vida, este sim legítimo, proíbe um indivíduo de agredir a saúde de outro (envenenando-o, por exemplo). Mas não o obriga a curá-lo quando ele adoecer naturalmente ou como resultado de suas próprias ações.

Fica claro que estes “direitos” são o oposto dos legítimos. Enquanto os direitos legítimos permitem que cada um faça o que quiser, desde que não mate, roube ou ameace ninguém, estes “direitos” obrigam umas pessoas a servirem outras.

O conflito é evidente nos exemplos dados entre o direito à propriedade e o direito à liberdade e os falsos “direito à educação” e “direito à saúde”. Educação e saúde são resultados do trabalho de alguém, têm um custo. Ou se obriga alguém a pagar pela educação e saúde de quem não pode arcar com este custo, ou se obriga o educador e o profissional da saúde a servir de graça. No primeiro caso se viola o direito de propriedade, no segundo o direito à liberdade.

Em todo o mundo se faz ambas as coisas. O roubo da palavra “direito” foi tão eficaz que os falsos direitos são universalmente aceitos – e poucos se constrangem com o fato de que para garantir estas benesses os governos roubam e escravizam cidadãos inocentes através de impostos e regulamentação, violando assim seus verdadeiros direitos de seres humanos. 

Nos posts seguintes será demonstrado por que tais direitos derivam da razão e o que se quer dizer com isso. Também abordarei cada um dos 3 direitos citados especificamente e, por fim, explicarei qual a função do Estado (Mínimo) tendo em vista tais direitos.


- Direitos Legítimos (1): introdução
- Direitos Legítimos (2): Garantias x Liberdades / Direitos Positivos x Negativos
- Direitos Legítimos (3): a natureza humana
- Direitos Legítimos (4): Direitos como liberdades
- Direitos Legítimos (5): Vida
- Direitos Legítimos (6): Propriedade
     - Leis antifumo - banindo a liberdade
- Direitos Legítimos (7): Liberdade

domingo, 22 de julho de 2012

A Defesa Moral do Capitalismo

Quando ouvimos a palavra egoísmo, ou interesse próprio, tendemos a ficar desconfortáveis. Quando se diz que o livre mercado é baseado em egoísmo, as pessoas geralmente pensam "Ah, eu sabia que isso era algo ruim, que o capitalismo é mau!"

Por quê?
O que há de errado em cada um buscar seu interesse próprio que faz as pessoas ficarem tão incomodadas com isso?

Muito da resistência aos argumentos a favor do Livre Mercado, da liberdade e do individualismo provavelmente se deve não à plausibilidade destes argumentos, mas sim a valores que nos são passados e seguimos sem nos dar conta. O vídeo a seguir nos dá a oportunidade de rever estes conceitos:

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Concessões e regulamentação: deveríamos mesmo comemorar a ação da ANATEL?


Anatel decide suspender vendas de Claro, Oi e TIM

A Folha apurou que as vendas ficarão interrompidas até que elas apresentem um plano de investimento para os próximos dois anos, com metas para resolver problemas na qualidade dos serviços prestados aos consumidores. 

A Vivo, que é a maior operadora do país, não será afetada. Todas as operadoras, porém, serão obrigadas a melhorar os serviços. A Anatel tomou a decisão após avaliar dados das empresas pelos últimos seis meses. Um dos maiores problemas é que as chamadas são interrompidas no meio do telefonema.

O plano que as empresas serão obrigadas a apresentar deve considerar: melhora na infraestrutura; no atendimento ao consumidor; completamento de chamada.

Há pouco mais de uma semana, a Folha antecipou que a agência pretendia executar medida contra a TIM, devido ao grande número de queixas dos consumidores. 

(Notícia completa aqui)

A ANATEL é uma agência reguladora (estatal), que regula as concessões feitas pelo Estado. O que tudo isso significa?

Nas telecomunicações, todo o espectro de transmissão pertence ao governo – empresas de telefonia, rádio e televisão só operam por concessão. Nos transportes, as empresas também não são proprietárias das rodovias, terminais, canais e tudo o mais que operam. Além de não terem direito de propriedade sobre aquilo que só tem valor por fruto de seu trabalho, as empresas de telecomunicação, transportes e outras concessionárias ainda trabalham sob intervenção permanente. Preços, produtos, investimentos – tudo é controlado pelo governo, mesmo que indiretamente.

Ou seja, é um sistema que mantém a iniciativa nas mãos do governo, as empresas apenas operam  o modelo que lhes é imposto. Por isso não é privatização (embora chamem disso), e sim concessão. Não é preciso ser nenhum gênio da economia para entender porque um sistema de concessão e regulamentação é muito diferente do livre mercado.

Em vez de investir em seu negócio visando o sucesso no longo prazo, praticar preços baixos para ganhar mercado e evitar dar oportunidade para novos concorrentes e buscar sempre a melhoria do produto e a inovação, o sistema de concessão e regulamentação força a empresa a fazer praticamente o contrário:

A empresa precisa investir o mínimo possível, pois ao fim de sua concessão nada daquilo lhe pertence. Como não tem autonomia para definir preços e qualidade, a empresa simplesmente pratica o maior preço permitido para o serviço estipulado em seu contrato. Como os níveis de serviço são regulamentados, a empresa não investe em desenvolvimento de novos produtos. Seu negócio é, no prazo de sua concessão. ganhar o máximo de dinheiro possível, fazendo o mínimo permitido pelo contrato.

Vale repetir: como, devido ao sistema de concessão, a empresa não é dona daquilo que usa, a tendência é investir o mínimo possível em manutenção e melhoria da infraestrutura.

Esta queda na qualidade é exatamente o que estamos vendo agora. Se o mercado fosse livre, estar-se-ia abrindo margem para a entrada de novos concorrentes com essa situação — mas ele não é: o sistema de concessão, além de não incentivar melhorias, ainda protege as concessionárias da entrada de novos e melhores concorrentes.

A causa dos problemas é o sistema de concessão e regulamentação. Mais regulamentação por parte da ANATEL então seria algo a se comemorar? Só na cabeça de esquerdistas, adeptos do estado regulador e intrometido na economia:

Acabo de ler no facebook: "A Anatel está apenas me protegendo da típica incopetência ou má fé da iniciativa privada. Gosto muito de que existam 4, 5, 6 empresas todas elas concorrendo livremente sendo fiscalizadas pelo estado, coisa mais comum no mundo."

Primeiramente, já vimos que o sistema de concessões e regulamentações está longe de ser "livre concorrência".

A reação imediata da maioria dos brasileiros, criados em uma cultura profundamente anti-capitalista, é achar que empresas, se libertadas, imediatamente aumentariam os preços e piorariam os serviços – afinal estariam livres da ANATEL e de todas as suas regras. A verdade é que o aparato de concessões e regulamentos faz é protegê-las em sua mediocridade (embora ela não deixe de ser muito melhor do que a absoluta incompetência das estatais).

Existem dezenas de empresas de telefonia no mundo, com centenas de bilhões de dólares em capital para investir – se o mercado brasileiro fosse aberto, uma situação de preços altos e serviço ruim seria um ímã irresistível para novos concorrentes. Ao contrário do que acontece hoje, oferecer o melhor preço e serviço seria a única forma de se manter no mercado.

O mesmo indivíduo completou: "O estado está simplesmente cumprindo sua função, melhor do que termos "estado jagunço" jogando junto com as empresas."

Mas quem disse que a alternativa é o Estado jogar junto com empresas? As pessoas simplesmente não conseguem conceber que o Estado fique, pura e simplesmente, FORA da economia. É impressionante como há essa hegemonia do pensamento esquerdista, na qual as pessoas só conseguem ver 2 opções: o Estado deveria estar nos atrapalhando nisso ou naquilo?

Essa é, mais uma vez, a Matrix Política.


O que vai acontecer, provavelmente, é que a Anatel obrigará as empresas a investir em infraestrutura e no fim a conta desse investimento será repassada (adivinha?) a nós. Resultado: pagamos mais às empresas do que poderíamos estar pagando se o mercado fosse livre e também pagamos mais, via impostos, pra manter todo o aparato estatal regulador que é necessário pra não deixar o mercado ser livre. 

Que bom que temos a ANATEl, não? Ela é parte de um sistema pra nos proteger das empresas capitalistas malvadas que poderiam estar nos ofercendo serviços melhores. E lembre-se de que é a esquerda quem defende isso.


*Este post aplicou trechos de post análogo escrito por Pedro Carleial.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Direitos Sociais: aqueles que você paga mas não leva


Se eu te oferecesse “educação, saúde, alimentação, moradia, lazer, segurança e previdência social” você acharia bom? Depende de quanto eu estaria cobrando por isso, talvez? E se eu te oferecesse tudo isso como DIREITOS aos quais você tenha acesso garantido independentemente de qualquer coisa? E se eu oferecesse isso não só a você, mas a TODOS, inclusive aos pobres e miseráveis?

É, eu também acharia ótimo, afinal todos gostamos de ganhar coisas. Os legisladores também, já que nossa Constituição traz tais direitos em seu artigo 6º.

Acontece que educação, saúde, alimentação, moradia, etc. não caem do céu.

Ninguém nasce educado, por exemplo, e a educação não se dá num passe de mágica: é preciso que pessoas se esforcem para ensinar, seja pessoalmente ou produzindo conteúdo (como o deste blog), e que pessoas se esforcem para aprender.

Nossa saúde também não é mantida automaticamente. Se ficamos doentes além do que nosso corpo consegue se curar sozinho, vamos precisar de remédios — e remédios, infelizmente, não brotam nas prateleiras das farmácias espontaneamente. Aliás, farmácias não brotam do nada também. Médicos tampouco (inclusive eles precisam, pra se tornar médicos, da educação, que por sua vez também não se dá espontaneamente como acabamos de ver). Isso sem falar em hospitais e instrumentos médicos.

E não importa o quanto eu escreva na Constituição que todos terão acesso a isso, o acesso continuará não acontecendo instantaneamente. Isso porque educação, saúde e todo o resto não são direitos e sim PRODUTOS, que precisam do trabalho de uns pra serem dados a outros.

Se você está acompanhando o raciocínio, talvez já tenha percebido que não adianta muito eu só declarar que tais coisas serão suas e talvez esteja se perguntando como eu iria providenciar isso tudo que prometi a todos.

A resposta é muito simples: quem vai fazer isso é o Estado, através de hospitais públicos e escolas públicas, por exemplo. Mas o Estado não é uma pessoa que vai estar lá nos hospitais e nas escolas para atender a todos. Quem realmente poderá fazer isso serão os professores e os médicos. Caridosamente? Claro que não, médicos e professores precisam de dinheiro pra não morrer de fome. Mas como o Estado vai pagá-los? Talvez cobrando dos clientes?

Acontece que prometi saúde e educação como direitos e a todos. Se as pessoas tiverem que pagar pelo serviço, então não serão todos que terão acesso, e sim apenas aqueles que puderem pagar — e pra isso não precisamos de serviço público, basta ir à iniciativa privada como já fazemos.

Se os clientes não poderão pagar a conta, e não pegaria muito bem eu obrigar estes profissionais a atender as pessoas a troco de nada, então quem vai pagá-los? Ora, todo mundo, através de impostos, vai dar um “pouquinho”. Que tal?

A esta altura já deu pra perceber que cada direito social que eu prometi consistirá em te dar alguma coisa tomando, pra isso, alguma coisa de todos, inclusive de você mesmo. Já deve ter notado o porquê das aspas no "pouquinho" de impostos. Já deu pra perceber também que “eu” aqui refere-se a políticos e burocratas do Estado.

“Mas se funcionar, então vale a pena, pois eu mesmo terei acesso a tudo que estarei pagando!”.

Pare por alguns instantes e pense se a educação e a saúde pública realmente funcionam. É claro que não. Um bom indício disso é que todos pagam, mas quem pode não depende destes serviços estatais. Ou seja, são custeados por TODOS, só precisam atender ALGUNS e ainda assim não conseguem.

A próxima pergunta é “Por quê?”.

A grande maioria das pessoas responderia que a culpa é da ganância humana ou algo assim, e que a solução é que políticos se tornem mais conscientes, que as pessoas administrem melhor a coisa pública, que a sociedade seja mais vigilante quanto ao uso das verbas, que Deus desça dos céus e refaça o mundo do zero, ou que se criem mais agências reguladoras e órgãos de fiscalização — sendo esta última “solução” uma das mais estimuladas, já que cria mais pretextos para que burocratas do Estado possam exigir mais impostos pra prevenir e combater a própria incompetência.

Será que o Estado funciona mal porque todos os seres humanos malvados e inescrupulosos foram parar lá? (dada a quantidade de oportunidades para lucro fácil (roubo) que a atividade estatal oferece, não é uma hipótese tão implausível assim...) Será que a iniciativa privada funciona bem porque atrai um monte de gente honesta e de bem?

Não, isso acontece por causa da concorrência. Se empresas privadas administram mal seus recursos, elas quebram. Se oferecem péssimo serviço, as pessoas param de lhes dar dinheiro. Empresários não são eficientes porque são bonzinhos, mas simplesmente por interesse próprio, por sobrevivência — e se não são, sofrem as conseqüências.

E o Estado? Se ele administra mal o dinheiro e oferece um serviço horrível, você pode simplesmente parar de lhe dar dinheiro? Se acha que sim, experimente fazer isso e veja se não vai preso por sonegação fiscal. Que consequências ruins o Estado sofre quando falha? Nenhuma. Muito pelo contrário, ganha a oportunidade de exigir MAIS dinheiro para poder corrigir as falhas que está cometendo!

A alternativa, assim, fica entre:
(1) prometer e acreditar em “direitos sociais” à vontade — e ter esperança de que os administradores se tornarão homens bonzinhos e evoluídos pra que o Estado consiga cumprir o prometido; e 
(2) retirar do Estado tais atribuições e deixar a qualidade da prestação de saúde e educação e de todo o resto por conta do mercado capitalista, baseado em componentes que o homem já tem e com os quais sempre se pode contar (interesse próprio, competitividade...).

O problema é que (2) envolve retirar ou negar os tais direitos sociais que citei no começo do post. Não é de se espantar que pessoas sejam seduzidas pelo discurso esquerdista que promete dar direitos em detrimento daquele que apareça falando em retirá-los.

Mas não há retirada de direitos: educação, saúde, moradia, lazer, etc. não são direitos, são PRODUTOS. Para que eles sejam oferecidos a uns, outros precisam ser obrigados a trabalhar ou a pagar.

Como se isso não bastasse, todos pagamos e nem mesmo levamos.

Não há problema algum em ajudarmos os pobres. Mas há problema quando tal ajuda é feita TOMANDO dinheiro de todos e ainda jogando-o fora em licitações ou em cuecas de políticos em vez de realmente ajudar quem precisa.



Agora, se direitos sociais são invenções, se baseiam em exploração para serem fornecidos e ainda não são fornecidos adequadamente, quais seriam os direitos “de verdade”? Falarei sobre isso no próximo post.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Legalização da Maconha: Esquerdistas se animam com pouco


Um pouco antes de eu ter iniciado este blog, muitas pessoas estavam animadas com a notícia de que o governo do Uruguai iria legalizar o consumo da maconha. É melhor do que nada, mas aproveitemos pra ver mais um exemplo de como funciona o Estado máximo — e de como esquerdistas se contentam com pouco (grifos meus):

"O governo do Uruguai apresentou nesta quarta-feira um projeto de lei para a legalização controlada da maconha(...) No projeto, o Estado será o responsável pela venda dos cigarros da droga, com cobrança de impostos.

O governo também será o responsável pela certificação de qualidade da droga e existirá um limite determinado por lei, que deve ser de 40 cigarros por mês. Caso o usuário ultrapasse a quantidade estabelecida, será submetido a tratamento de reabilitação."

(Notícia completa aqui)

Com essa história de Estado máximo isso é o que se pode esperar de melhor... uma autorizaçãozinha estatal (toda regulamentada, naturalmente) pra poder fazer algo (que nem deveria ter sido proibido) do jeito e nas quantidades que o monopólio Estatal achar que é bom. E, como não podia deixar de ser, pagando impostos por isso ainda.

Sabe qual vai ser o resultado? Continuará havendo mercado negro, que oferecerá produtos melhores do que o estatal ou mais baratos (ou ambos) ou pra gente que quer exceder a cota de 40 cigarros por mês sem pegar rehab — só a título de curiosidade, mesmo o cigarro no Brasil não sendo proibido, dois terços do cigarro comum que roda aqui é contrabandeado (segundo dados da Receita).

Por que estariam então aprovando uma medida que é ineficaz no combate ao crime? Eu apostaria que é porque ela é muito eficaz em aumentar a arrecadação de impostos.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Será o Nazismo de extrema-direita?

Nos posts anteriores sobre espectro político já tivemos uma ideia de quem são direita e esquerda, então que tal um exercício de aplicação, pra já irmos pegando o jeito da coisa?


Autor: Luciano Ayan

Marxistas, humanistas, progressistas, obamistas e neo ateus (o que dá tudo no mesmo) adoram fantasiar o passado da Alemanha Nazista para chamá-los de “extrema direita”. E o que faz um cético político? Obviamente, vai investigar a alegação.

Nada melhor que começar com uma análise do PROGRAMA DO PARTIDO NACIONAL SOCIALISTA DOS TRABALHADORES ALEMÃES, publicado em 24 de fevereiro de 1920, no Hofbrauhaus-Festsaal em Munique. Esse é o paradigma que deu sustentação a todas as ações de Hitler, incluindo o Holocausto Judeu. Não há nada melhor para estudar o cerne da mente nazista do que estudar este documento.

Para cada um dos 25 termos do programa, iniciarei meus comentários com a explicitação de com qual ideologia o nazismo se alinha, podendo ser “Neutro”, “Direita” ou “Esquerda”. (É interessante notar que os pontos iniciais são neutros, mas do décimo para a frente a coisa definitivamente se avermelha de vez)
Comecemos:
1. Nós exigimos a união de todos os alemães numa Grande Alemanha com base no princípio da auto-determinação de todos os povos.
Neutro. Não é possível qualificar o ponto acima como algo relacionado nem a Esquerda nem a Direita.
2. Nós exigimos que o povo alemão tenha direitos iguais àqueles de outras nações; e que os Tratados de Paz de Versalhes e St. Germain sejam abolidas.
Neutro. É, como se nota, o esquerdismo ainda não se manifestou, mas muito menos uma concepção de mundo que possa ser qualificada como “de direita”.
3. Nós exigimos terra e território (colônias) para a manutenção do nosso povo e o assentamento de nossa população excedente.
Neutro, tendendo à Esquerda. Por enquanto, temos apenas um país reconhecendo seu aspecto belicista, e avisando que vai botar para quebrar, o que qualifica o ponto acima como parcialmente neutro. Entretanto, a promessa de “garantir a manutenção do povo”, através da ação do estado, é uma abordagem esquerdista.
4. Somente aqueles que são nossos compatriotas podem se tornar cidadãos. Somente aqueles que têm sangue alemão, independente do credo, podem ser nossos compatriotas. Por esta razão, nenhum judeu pode ser um compatriota.
Neutro. A filosofia do período, tanto esquerdista quanto de direita, não pregava a exclusão dos judeus. Alguns poderiam dizer que Marx teria dito que os judeus “pereceriam no holocausto”, mas ele queria dizer com isso que os judeus deixariam de ter uma identidade de povo (como todos os outros povos deveriam fazê-lo) para se juntar à revolução. Marx não tinha nada contra os judeus, apenas contra o fato de terem uma “identidade judaica”, quando para ele deveriam ter uma identidade de classe (proletários X burgueses). Mesmo assim, a qualificação de um grupo (os judeus) como bodes expiatórios de todos os males é uma extensão da filosofia de guerra de classes de Marx. Mas, por questão de caridade, deixarei este ponto como neutro.
5. Aqueles que não são cidadãos devem viver na Alemanha como estrangeiros e devem ser sujeitos à lei de estrangeiros.
Neutro. Alguns difamadores da esquerda diriam que esta é uma proposta de direita, principalmente pelo fato de alguns Republicanos nos Estados Unidos terem sido contra a imigração ilegal. Entretanto, coibir a imigração ilegal não é o mesmo que definir os estrangeiros como não-cidadãos.
6. O direito de escolher o governo e determinar as leis do Estado pertencerá somente aos cidadãos. Nós portanto exigimos que nenhuma repartição pública, de qualquer natureza, seja no governo central, na província, ou na municipalidade, seja ocupada por qualquer um que não seja um cidadão. Nós combatemos a administração parlamentar corrupta pela qual homens são indicados para vagas por favor do partido, não importando caráter e aptidão.
Neutro. É a extensão do ponto anterior.
7. Nós exigimos que o Estado especialmente se encarregará de garantir que todos os cidadãos tenham a possibilidade de viver decentemente e recebam um sustento. Se não puder ser possível alimentar toda a população, então os estrangeiros (não-cidadãos) devem ser expulsos do Reich.
Esquerda. Enfim, começou a ladainha. Aqui temos a criação de bodes expiatórios para, no caso da população precisar de sustento, jogar neles as culpas pela penúria que porventura a população passasse. Este truque (o da guerra de classes) é essencialmente esquerdista.
8. Qualquer imigração adicional de não-alemães deve ser previnida. Nós exigimos que todos os não-alemães que entraram no país desde 2 de Agosto de 1914 sejam forçados a deixar o Reich imediatamente.
Neutro. Esta medida era contextual, em um período que a Alemanha passava dificuldades após a Primeira Guerra Mundial. Uma medida abjeta, diga-se, mas que não é diretamente sustentada nem pela filosofia de direita e nem pela de esquerda. 
9. Todos os cidadãos devem possuir iguais direitos e deveres.
Direita. Esta é uma abordagem essencialmente direitista. Já os esquerdistas pregam que alguns devem ter mais direitos que os outros. Um exemplo está na recente questão da causa gayzista, a PL 122. Com essa proposta, os gayzistas querem que seja proibida a crítica aos gays. Isso é dar mais direito a um grupo em detrimento de outro. Podemos (e devemos) contestar os critérios que os alemães usaram para definir quem seria um cidadão – e, como falarei mais profundamente na conclusão, este foi um truque para usar o princípio de forma distorcida. Mas, em essência, dar direitos e deverem iguais para todos os cidadãos é uma ação com o DNA da direita.
10. O primeiro dever de todo cidadão deve ser trabalhar mental ou fisicamente. Nenhum indivíduo fará qualquer trabalho que atente contra o interesse da comunidade para o benefício de todos.
Esquerda. Coletivismo em detrimento do individualismo é uma manifestação 100% esquerdista. Isso pode ser evidenciado na idéia obsessiva de Karl Marx da guerra de classes, em que ele visualizava grandes “blocos coletivos”, ao invés de indivíduos lutando por seus interesses.
11. Portanto, nós exigimos: Que toda renda não merecida, e toda renda que não venha de trabalho, seja abolida.
Esquerda. E o discurso aqui é plenamente copiado de Karl Marx. Naturalmente que rendas não merecidas são ilícitas, o problema é qual o critério para se definir o que é renda merecida e o que não é: Não é raro vermos esquerdistas reclamando de pessoas que são ricas por terem “recebido herança”, como se isso fosse algum pecado. Para alguém de direita, se alguém recebe uma herança é por que seus antepassados lutaram por algo para deixar aos filhos, e portanto algo lícito.
Quebrando as Algemas do Interesse
12. Como cada guerra impõe sobre o povo sacrifícios em sangue e bens valiosos, todo lucro pessoal proveniente da guerra deve ser tratado como traição ao povo. Nós portanto exigimos o confisco total de todos os lucros de guerra.
Esquerda. Sair culpando o lucro (independente de onde for) é obviamente uma iniciativa que tem como seu principal Messias a figura de Karl Marx. Logo, esquerda até a medula.
13. Nós exigimos a nacionalização de todos os grupos investidores.
Esquerda. Adeptos do livre mercado, da direita, não pensam em nacionalização de empresas. Já esquerdistas, como pôde ser visto há poucos meses na Argentina da mandona Cristina Kirchner, adoram arrumar o primeiro pretexto que puderem para “nacionalizar” empresas.
14. Nós exigimos participação nos lucros em grandes indústrias.
Esquerda. Participação em lucros não é algo que deve ser exigido, mas conquistado através de acordos e mérito. Isso, é claro, no pensamento da direita. Já a esquerda…
15. Nós exigimos um aumento generoso em pensões para idade avançada.
Esquerda. Pois quem é da direita já optaria pelas pensões oriundas da iniciativa privada.
16. Nós exigimos a criação e manutenção de uma classe média sadia, a imediata socialização de grandes depósitos que serão vendidos a baixo custo para pequenos varejistas, e a consideração mais forte deve ser dada para assegurar que pequenos vendedores entreguem os suprimentos necessários ao Estado, às províncias e municipalidades.
Esquerda. Isso é economia totalmente controlada pelo estado, com uma intervenção excessiva e até ações que poderíamos definir como tirânicas. É praticamente uma escravização do povo em prol do Estado.
17. Nós exigimos uma reforma agrária de acordo com nossas necessidades nacionais, e a oficialização de uma lei para expropriar os proprietários sem compensação de quaisquer terras necessárias para propósito comum. A abolição de arrendamentos de terra, e a proibição de toda especulação na terra.
Esquerda. E nem preciso dizer o motivo.
18. Nós exigimos que uma guerra dura seja travada contra aqueles que trabalham para o prejuízo do bem-estar comum. Traidores, usuários, aproveitadores, etc., serão punidos com morte, independente de credo ou raça.
Esquerda. Discurso de “bem-estar comum”? E o parangolé é sempre deste tipo. Quem não está “trabalhando para o bem-comum” é um inimigo do povo, e portanto tudo pode ser feito contra ele. Esquerdistas sempre foram acostumados a pensar com tal carga de ódio contra os “inimigos da causa”. Quem é de direita, por sua vez, sabe que as pessoas não precisam lutar “pelo bem-comum”, mas por seu próprio bem, e, ao conseguir isso, por CONSEQUÊNCIA, estarão auxiliando a melhorar a vida dos outros, sendo até mais eficientes que os proponentes do “bem-comum”.
19. Nós exigimos que a lei romana, que serve a um arranjo materialista do mundo, seja substituída pela lei comum alemã.
Esquerda. O ódio pelo Direito Romano vem da esquerda, não da direita. Quem é de direita sabe que as leis devem ser respeitadas e se algo não atende aos seus princípios, deve-se lutar para mudar as leis. O esquerdista pensa diferente, achando que, se é pela causa do lado dele, então não há problema em quebrar as leis.
20. A fim de tornar possível para todos os alemães capazes e industriosos obter educação mais elevada, e assim a oportunidade de alcançar posições de liderança, o Estado deve assumir a responsabilidade de organizar completamente todo o sistema cultural do povo. Os currículos de todos os estabelecimentos educacionais serão adaptados para a vida prática. A concepção da idéia do Estado (ciência de cidadania) deve ser ensinada nas escolas desde o início. Nós exigimos que crianças especialmente talentosas de pais pobres, quaisquer que sejam suas classes sociais ou ocupações, sejam educadas às custas do Estado.
Esquerda. Quanto mais escolas públicas, melhor para o esquerdista. Qual é o objetivo disso? Obviamente, usar o território da escola pública para doutrinação das crianças na ideologia do estado. Essa sempre foi uma plataforma esquerdista. Para quem é da direita, seria melhor se o estado usasse bolsas de ensino para que os alunos pudessem buscar escolas privadas.
21. O Estado tem o dever de ajudar a elevar o padrão de saúde nacional fornecendo centros de bem-estar maternal, proibindo trabalho infantil, aumentando aptidão física através da introdução de jogos compulsórios e ginástica, e pelo maior encorajamento possível de associações relacionadas com a educação física do jovem.
Esquerda. Aqui, como sempre, é o uso do estado como aquele que tem o “dever” de financiar o ensino. O motivo já está claro.
22. Nós exigimos a abolição do exército regular e a criação de um exército nacional (popular).
Esquerda. Jogar para a galera é especialidade de esquerdistas. Aliás, todos os ditadores de esquerda adoram dizer que o exército agora é um “exército do povo”. Um exemplo evidente está em Hugo Chavez. O populismo, como sempre, é uma das armas centrais da esquerda.
23. Nós exigimos que haja uma campanha legal contra aqueles que propaguem mentiras políticas deliberadas e disseminem-nas através da imprensa. A fim de tornar possível a criação de uma imprensa alemã, nós exigimos:
(a) Todos os editores e seus assistente em jornais publicados na língua alemã deverão ser cidadãos alemães.
(b) Jornais não-alemães deverão somente ser publicados com a permissão expressa do Estado. Eles não deverão ser publicado na língua alemã.
(c) Todos os interesses financeiros em, ou de qualquer forma afetando jornais alemães serão proibidos a não-alemães por lei, e nós exigimos que a punição por transgredir esta lei seja a imediata supressão do jornal e a expulsão dos não-alemães do Reich.
Jornais que transgridam o bem-estar comum serão suprimidos. Nós exigimos acão legal contra aquelas tendências na arte e literatura que tenham influência ruidosa sobre a vida do nosso povo, e que quaisquer organizações que que atentem contra as exigências agora mencionadas sejam dissolvidas.
Esquerda. Controlar a mídia está no DNA de todo esquerdista. Na Venezuela e Cuba, a mídia está completamente controlada, e o mesmo pode-se dizer do Equador. Na Argentina, a situação está caminhando a passos largos para a ditadura formal, e um símbolo dessa iniciativa foi a invasão do Clarin pelas forças do governo. No Brasil, a recente proposta do PNDH-3 visava controlar a mídia. Como se nota, o padrão esquerdista não muda. Desde os tempos de Stalin e Hitler, dois de seus mais cuidadosos representantes.
24. Nós exigimos liberdade para todas os credos religiosos no estado, à medida que eles não coloquem em risco a existência ou ofendam a moral e senso ético da raça germânica. O Partido como tal representa o ponto-de-vista de um cristianismo positivo sem ligar-se a qualquer credo particular. Ele luta contra o espírito judaico materialista internamente e externamente, e está convencido de que uma recuperação duradoura do nosso povo só pode vir de dentro, sobre o princípio: BEM COMUM ANTES DO BEM INDIVIDUAL
Esquerda. Bem comum antes do bem individual é uma das promessas da esquerda. Aliás, o cristianismo positivo é uma variação humanista do cristianismo, todo distorcido para se adaptar ao culto ao homem. Como o humanismo é uma das variações da esquerda, de novo essa plataforma do NSDAP entregou os nazistas como esquerdistas.
25. A fim de executar este programa, nós exigimos: a criação de uma autoridade central forte no Estado, a autoridade incondicional pelo parlamento político central de todo o Estado e todas as suas organizações.
Esquerda. Estado, estado, estado…  nota-se que os nazistas cultuavam o estado até mais que o pessoal de Stalin.

Conclusão
Dos 25 pontos do partido alemão, 6 são neutros, 1 poderia ser chamado de centro-esquerda, 1 de direita, e os 17 restantes são plenamente esquerdistas. No único ponto que pode ser associado ao pensamento de direita (“9. Todos os cidadãos devem possuir iguais direitos e deveres.”), ele é tão óbvio que até os esquerdistas o entendem como algo facilmente assimilável, mas no caso dos nazistas eles usaram um truque. Como esquerdista gosta de privilegiar uma classe sobre outra (pelo pensamento da guerra de classes), eles acoplaram esse único princípio da direita, e definiram alguns como “não cidadãos”. Ora, aí fica fácil. Bastou a eles usarem um princípio da direita para remodelá-lo através de outros novos pontos que dêm um “bypass” no princípio.

O que importa é que de direita a plataforma do partido nazista não tem nada. Entretanto, especialmente do meio para o final, o que é vê é a essência do pensamento esquerdista, incluindo:
  • uso da guerra de classes
  • populismo
  • inchamento do estado
  • culto ao mesmo estado, é óbvio
  • limitação da atividade de imprensa
  • sistema de ensino público (para doutrinação no culto ao estado)
  • estatização de empresas
  • reforma agrária
  • ataque aos lucros das empresas
  • coletivismo, ao invés do individualismo
Qualquer pessoa honesta intelectualmente irá reconhecer que o nazismo não é um empreendimento de extrema-direita, mas de extrema-esquerda.

Por fim, fica claro que os marxistas sempre chamaram os nazistas de direita, pois Hitler se opôs a Stalin, embora tenha sido seu aliado em priscas eras. Entretanto, se opor à União Soviética não é o mesmo que se opor ao comunismo, e, mesmo que alguém fosse oponente ao comunismo, isso não implicaria em ser de direita (lembremos da rotina “Eu não sou comunista”). Entretanto, comunismo não é a única forma de esquerdismo, e nem a União Soviética era a única forma de comunismo. Unicamente por confusões (a meu ver, propositais) deste tipo, é que alguns ainda acham que nazismo é de direita.

Por tudo que está demonstrado aqui, da próxima vez que algum marxista lhe taxar de “nazista” por ser contra as idéias esquerdistas, mostre-lhe um link para esta matéria, e veja que, de acordo com o que os próprios nazistas afirmaram, ser nazista é ser de esquerda. Ou melhor, extrema-esquerda. É por isso que estou legitimado a colocar todas as genocídios da União Soviética, do Cambodja, da China e da Alemanha Nazista na CONTA DA ESQUERDA.

Uma cena que eu gostaria de acompanhar é um diálogo no qual o esquerdista chega dizendo: “Você não apóia minhas idéias, pois é um nazista”, recebendo o coice a seguir: “Não, eu não sou nazista, pois não sou da tua turma”, seguido da citação à plataforma do Partido Nazista.

E não tenha dó deles no debate. Eles merecem essa humilhação. As vítimas que eles já causaram (e ainda estão por causar) justificam essa patada.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Bill Hicks e o DIREEEITO a camisas

Gostaria de agradecer a todos os esquerdistas que tenho no meu facebook. Eles são uma fonte, ao que parece, inesgotável de material.

A pérola de hoje é esta imagem:

Money and power are very connected. The more people learn, the more obvious it gets. Money is used as a means of control.
"É tudo uma questão de dinheiro, não liberdade, certo?
Nada a ver com liberdade. Se você pensa que é livre, tente ir a algum lugar sem dinheiro, ok? Dinheiro e poder são muito conectados. Quanto mais as pessoas aprendem, mais óbvio se torna. Dinheiro é usado como meio de controle."
"Dinheiro é usado como meio de controle". Não, idiota, dinheiro é usado como meio de conseguir coisas de que você precisa dando-o ao dono dessas coisas em vez de tomá-las dele e não lhe dar nada em troca. É exatamente o OPOSTO de controle: é conseguir o que se quer não através da força, mas ao oferecer algo que seja útil à outra parte pra ter o que é útil a você.

Na cabeça do cidadão, liberdade é quando ele pode ir aos lugares e obter coisas das pessoas sem ter que lhes dar nada em troca. É claro que colocando nestes termos fica fácil para todo mundo entender que o sujeito é completamente CONTRÁRIO à liberdade, então ele demoniza algo mais abstrato como "o dinheiro", que não vai estar aqui pra se defender. Mas o que é o dinheiro? Simplesmente algo que usamos pra fazer trocas livremente. Ao contrário do que vivem dizendo, dinheiro não é o mais importante na nossa sociedade. Por que você ou qualquer um iria querer um papel pintado se ele não servisse pra você trocá-lo por nada? Dinheiro é só um SUBSTITUTO para facilitar trocas, o importante continuam sendo, como sempre foram, os BENS pelos quais trocamos o dinheiro, são estes bens e sua capacidade de satisfazer nossas necessidades que buscamos.

Talvez fosse melhor um sistema de caridade uni-lateral? (sim, uni-lateral, pois se ele tiver que dar alguma coisa também, então continuam sendo feitas trocas, só que ao invés de dinheiro as pessoas trocam bens diretamente — e pela lógica esquerdista, o sujeito continuaria usando tais bens como "meio de controle" e opressão). 

É claro que liberdade não tem nada a ver com isso. Somos livres quando podemos viver conforme nossas próprias escolhas. Fazer negociações em que trocamos produtos por valores conforme seja mutuamente benéfico é um exemplo de liberdade, fazer caridade caso julguemos conveniente é outro. Abdicarmos do dinheiro e darmos ao Bill Hicks tudo que ELE quiser não é. É só uma tentativa de Defesa Moral do Parasitismo.

Esse tipo de vexame esquerdista ocorre porque a crença da esquerda é fundamentalmente contra o Princípio da Produtividade, que relata algo bastante complexo e pouco intuitivo: as coisas de que precisamos para viver não caem do céu prontas para nós, se alguém quer ter alguma coisa, ele precisa PRODUZI-LA através de seu esforço e inteligência.

Digamos que você queira usar camisas. Aguarda alguns dias e, infelizmente, não cai nenhuma do céu. Daí você resolve, quem sabe, produzi-las. Você investe algum dinheiro comprando máquinas, contrata uma costureira, entra em contato com fornecedores de tecido, de botões, enfim mobiliza pessoas e recursos a fim de produzir a bendita camisa. E consegue! Na verdade, a camisa ficou tão boa que outras pessoas começam a te parar na rua e perguntar onde você conseguiu tal camisa e falam sobre como gostariam de ter uma também. Ao que parece, quem diria, camisas não caem do céu para essas pessoas também... Então você empenha o seu tempo e esforço nisso, decide comprar mais matéria-prima e pagar mais algum dinheiro à costureira para que ela possa produzir mais camisas a essas pessoas e, naturalmente, corre o risco de tudo isso não dar certo e amargar um prejuízo. Só que os negócios vão bem: você não precisa mais produzir a comida que come, pois pode trocar as camisas que produz por dinheiro para comprar comida e outras coisas de que precisa. Quanto mais você se especializa em produzir camisas, mais e melhores camisas você produz e com custos menores — até pessoas que não podiam comprá-las antes agora têm acesso. Você deu a todos a liberdade de terem acesso a algo que antes não existia e, não fosse seu empreendimento, continuaria não existindo.

Eis que um dia entra um vagabundo metido a crítico na sua loja. 
— Eu quero uma camisa!, diz ele.
Pois não, meu jovem, são 19,99 dinheiros. responde você.
— Viram? Não somos livres! Eu não posso entrar aqui e ter de graça, isto é, sem esforço algum da minha parte, algo que este homem se esforçou para produzir! Este maldito capitalista, imaginem só, não quer me dar uma camisa sem receber nada em troca pelo tempo que ele gastou produzindo-a! Pff! Como veem, o dinheiro é o vilão que me separa da minha camisa, precisarei trabalhar pra ter dinheiro se quiser alguma coisa, ele é o vilão usado para me controlar!

Sei lá, eu preciso explicar mais? 

O pior é que preciso, porque, adivinhem só, quando o jovem Bill saiu da loja, lá estava um esquerdista. Bill contou sua história e o esquerdista ficou extremamente comovido com o pobre rapaz, vítima da desigualdade e injustiça do mundo, que ficou sem uma camisa. "Pobrezinho", pensou ele, "Não é justo que algumas pessoas tenham camisas e outras não!". 

A realidade ouviu o lamento mas estava ocupada demais produzindo formatos engraçados em nuvens e acabou esquecendo de fazer cairem camisas do céu.

Isso frustrou um pouco o esquerdista, mas não por muito tempo: "Já sei, precisamos criar uma lei dando às pessoas o DIREITO de terem camisas! Pronto, votem em mim e o Estado vai providenciar camisas a vocês!". 

Todos aplaudem.

Exceto aqueles que serão OBRIGADOS a produzir ou a financiar, via impostos, a produção de tais camisas pros outros a troco de nada, é claro.

Fiquem atentos sempre que um esquerdista falar sobre liberdade: a solução dele geralmente envolve criar REGALIAS chamadas de "direitos sociais" para alguns à custa da liberdade dos outros.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Espectro Político (2): Direita e o Gráfico de Nolan


No post anterior, começamos a ter noção de o que é a esquerda. Vimos que quem é “de esquerda” costuma ser a favor de certas liberdades pessoais (por exemplo: permissão do casamento entre homossexuais, legalização de drogas e do aborto), mas que isso na prática vem associado a uma redução na liberdade econômica (por causa das políticas de controle estatal da economia e redistribuição de renda que esquerdistas adoram).

O pensamento de direita, como é de se esperar, traz a situação oposta:

Ser “de direita” significa, popularmente, defender os interesses dos ricos. Significa ser contra impostos e transferência de riqueza, e ser defensor de um governo mínimo – embora em muitos casos ainda mantendo a idéia que serviços essenciais e infra-estrutura são responsabilidade governamental.

Quem é “de direita” também costuma associar sua posição política ao cristianismo, sendo a religião a base e justificativa para suas convicções éticas e políticas. Desta forma, tende a ser contra o aborto, contra o casamento entre homossexuais e contra a legalização das drogas.

Assim, um regime que permitisse a total liberdade econômica, ou seja, garantisse o direito de propriedade e não interferisse na produção e troca de riqueza, mas limitasse completamente a liberdade pessoal seria um regime de direita.

Da mesma forma que acontece em relação à esquerda, este regime de controle apenas pessoal também é impossível. Proibir a pornografia (de adultos, que fique claro), por exemplo, é uma limitação da liberdade pessoal, mas também implica o impedimento de uma série de atividades econômicas.

Há, no entanto, regimes que se aproximam desta situação. A teocracia islâmica é um bom exemplo. O islã é muito liberal em relação à produção e especialmente ao comércio. O direito à propriedade também é firmemente protegido, a pena para o roubo é perder uma mão.

Por outro lado, o Islã viola grosseiramente a liberdade pessoal. De seu comportamento sexual até o que comer e beber, o islã dita o que se pode ou não fazer. Mudar de religião é punível com a morte.

No post anterior perguntei se a direita seria uma alternativa melhor à esquerda. Como se pode ver, cada um é a favor de certas liberdades e contra outras – o espectro entre “esquerda” e “direita” está entre misturas diferentes de liberdade e coerção.

David Nolan, fundador do Partido Libertário nos Estados Unidos, identificou este fato e propôs um espectro político com dois eixos. Como libertário, certamente ele percebeu que em alguns assuntos concordava com os “liberais” (esquerda) e em outros com os “conservadores” (direita). Os assuntos de um caso e de outro formam categorias claramente identificáveis.

No gráfico de Nolan, do qual a figura abaixo é uma adaptação, as dimensões refletem a liberdade econômica e a liberdade pessoal.
À esquerda, o eixo das liberdades pessoais; à direita, o eixo das liberades econômicas

Os libertários são um grupo heterogêneo que como linha geral defende a liberdade pessoal e a econômica. Anarquistas, “anarco-socialistas”, “anarco-capitalistas” e adeptos do governo mínimo todos se enquadram no guarda-chuva amplo do libertarismo, embora muitos tenham convicções mutuamente incompatíveis.

Então... estamos fadados a escolher entre opressão de esquerda, opressão de direita ou a opressão por nós mesmos da anarquia?

Felizmente não. Existe um sistema que promove absoluta liberdade pessoal e econômica, pois nele os direitos individuais são garantidos. Nele, podemos fazer tudo o que quisermos no campo pessoal e no econômico – limitados apenas pelo respeito à vida, propriedade e liberdade dos demais. Esse sistema, por mais estranho que possa soar num primeiro momento, é o Capitalismo.

Nos próximos posts abordarei a teoria política que dá sustenção ao Capitalismo, entenderemos por que os direitos são especificamente os 3 citados (vida, propriedade e liberdade), veremos o que são governos e qual seu limite de atuação para garantir tais direitos — e sem promoverem com isso opressão em alguma esfera.

Nos posts seguintes também darei continuidade à série "Espectro Político", posicionando alguns regimes no Gráfico de Nolan para deixar mais claro seu funcionamento.

*Este post é a continuação da compilação feita a partir de posts do blog ocapitalista.com.

Série sobre Espectro Político:
- (1): de que lado fica a esquerda?
- (2): Direita e o Gráfico de Nolan
- (3): Aplicando o Gráfico de Nolan (Teocracia, Comunismo, Anarquia e Capitalismo)
- (4): Centro

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Espectro Político (1): de que lado fica a esquerda?


A questão política fundamental é a proteção ou violação dos direitos individuais. É a defesa dos direitos à vida, propriedade e liberdade dos cidadãos que legitima um governo, é sua violação que origina todo tipo de problema social. (nos próximos posts você vai entender por que são esses 3 os direitos).

É comum associar as diversas vertentes políticas a padrões de referência. O padrão mais simples e mais usual é o que estabelece o espectro político entre a “esquerda” e a “direita”.

O problema com a representação do espectro político entre “esquerda” e “direita” é que estes termos não são capazes de representar todos os aspectos da política. O mesmo vale para “liberal” e “conservador”, agravado pelo fato de que o significado destes últimos termos tem mudado muito com o tempo. Além do mais, o rótulo "liberal" (associado à esquerda) é claramente mais simpático do que o rótulo "conservador" (da direita). Quem seria o conservador? Sua vó, talvez, toda engessada e apegada às tradições, falando sobre como na época dela, meu filho, as moças usavam saias mais longas e obedeciam mais seus maridos e crianças pediam benção aos meus velhos. Enquanto isso, o liberal entra facilmente como o indivíduo antenado, dinâmico e cheio de energia, disposto a experimentações e mudanças. (É o "change" do Barack Obama)

Será que estes rótulos condizem mesmo com as propostas de seus adeptos? Os liberais (esquerda) realmente promovem mais a liberdade do que os conservadores (direita)? Ou será que tais rótulos só fazem parte de uma guerra política — na qual, pelo jeito, quem ficou como "conservador" parece levar a pior?

Quem é “de esquerda” costuma ser a favor de certas liberdades pessoais, defendendo políticas como a permissão do casamento entre homossexuais, legalização de drogas e do aborto.

Ser “de esquerda” também significa, popularmente, defender o pobre contra o rico. Significa ser a favor de políticas governamentais de transferência de riqueza e ver como obrigação do governo a provisão de “serviços essenciais” e infra-estrutura.

Um regime que desse ao cidadão a completa liberdade pessoal – como se vestir, com quem se relacionar, quando e onde expressar sua opinião, com que princípios educar seus filhos, a opção de ter filhos – mas controlasse completamente a vida econômica de todos, este regime seria de esquerda.

Existem regimes que se aproximam desta situação. O ideal comunista (que é da esquerda) é de uma sociedade em que toda a ação econômica é planejada, evitando os “problemas” e “injustiças” do Capitalismo. Quanto à vida pessoal do cidadão, com isso o comunista se preocupa pouco. Em troca da completa escravidão econômica, oferece liberdade pessoal.

Acontece que, naturalmente, este regime de controle apenas econômico é impossível. Não dá pra ter plena liberdade pessoal sem liberdade econômica.

Que significa a liberdade de como se vestir se a produção e distribuição de roupas são completamente controladas pelo governo? Que significa a liberdade de educar seus filhos se todas as escolas são do Estado e é ele quem fornece educação — igual — a todos e obrigatoriamente? A vida do homem é uma vida econômica – os bens materiais estão envolvidos em tudo o que fazemos, mesmo na vida pessoal.

É claro que na prática isto não funciona. As pessoas não se esforçam para produzir quando sabem que o resultado não será para seu próprio proveito. As pessoas não aceitam docilmente a escravidão, mesmo quando o mestre de escravos é um governo que eles mesmos colocaram no poder.

A história de todos os regimes deste gênero é de uma progressiva violação das liberdades pessoais, necessária para conseguir manter a dominação econômica. É esta a explicação para a supressão da religião, da liberdade de imprensa, da liberdade de ir e vir, da leitura de livros “ideologicamente incorretos” e todas as demais violações de liberdade pessoal que sempre acompanham o Comunismo.

Como ficamos então? Não parece haver nada de errado em garantirmos liberdades pessoais, mas não é interessante isso se dar à custa de liberdade econômica. No próximo post vamos falar sobre a direita, e ver se ela é uma alternativa melhor ou não.

*Esse texto é uma compilação feita por mim a partir de muitos posts e ideias presentes, principalmente, em outros 2 blogs: lucianoayan.com e ocapitalista.com — seria perda de tempo tentar escrever tudo do zero sendo que estes caras já têm ótimo material a respeito do tema.

Série sobre Espectro Político:
- (1): de que lado fica a esquerda?
- (3): Aplicando o Gráfico de Nolan (Teocracia, Comunismo, Anarquia e Capitalismo)
- (4): Centro