segunda-feira, 9 de julho de 2012

Espectro Político (1): de que lado fica a esquerda?


A questão política fundamental é a proteção ou violação dos direitos individuais. É a defesa dos direitos à vida, propriedade e liberdade dos cidadãos que legitima um governo, é sua violação que origina todo tipo de problema social. (nos próximos posts você vai entender por que são esses 3 os direitos).

É comum associar as diversas vertentes políticas a padrões de referência. O padrão mais simples e mais usual é o que estabelece o espectro político entre a “esquerda” e a “direita”.

O problema com a representação do espectro político entre “esquerda” e “direita” é que estes termos não são capazes de representar todos os aspectos da política. O mesmo vale para “liberal” e “conservador”, agravado pelo fato de que o significado destes últimos termos tem mudado muito com o tempo. Além do mais, o rótulo "liberal" (associado à esquerda) é claramente mais simpático do que o rótulo "conservador" (da direita). Quem seria o conservador? Sua vó, talvez, toda engessada e apegada às tradições, falando sobre como na época dela, meu filho, as moças usavam saias mais longas e obedeciam mais seus maridos e crianças pediam benção aos meus velhos. Enquanto isso, o liberal entra facilmente como o indivíduo antenado, dinâmico e cheio de energia, disposto a experimentações e mudanças. (É o "change" do Barack Obama)

Será que estes rótulos condizem mesmo com as propostas de seus adeptos? Os liberais (esquerda) realmente promovem mais a liberdade do que os conservadores (direita)? Ou será que tais rótulos só fazem parte de uma guerra política — na qual, pelo jeito, quem ficou como "conservador" parece levar a pior?

Quem é “de esquerda” costuma ser a favor de certas liberdades pessoais, defendendo políticas como a permissão do casamento entre homossexuais, legalização de drogas e do aborto.

Ser “de esquerda” também significa, popularmente, defender o pobre contra o rico. Significa ser a favor de políticas governamentais de transferência de riqueza e ver como obrigação do governo a provisão de “serviços essenciais” e infra-estrutura.

Um regime que desse ao cidadão a completa liberdade pessoal – como se vestir, com quem se relacionar, quando e onde expressar sua opinião, com que princípios educar seus filhos, a opção de ter filhos – mas controlasse completamente a vida econômica de todos, este regime seria de esquerda.

Existem regimes que se aproximam desta situação. O ideal comunista (que é da esquerda) é de uma sociedade em que toda a ação econômica é planejada, evitando os “problemas” e “injustiças” do Capitalismo. Quanto à vida pessoal do cidadão, com isso o comunista se preocupa pouco. Em troca da completa escravidão econômica, oferece liberdade pessoal.

Acontece que, naturalmente, este regime de controle apenas econômico é impossível. Não dá pra ter plena liberdade pessoal sem liberdade econômica.

Que significa a liberdade de como se vestir se a produção e distribuição de roupas são completamente controladas pelo governo? Que significa a liberdade de educar seus filhos se todas as escolas são do Estado e é ele quem fornece educação — igual — a todos e obrigatoriamente? A vida do homem é uma vida econômica – os bens materiais estão envolvidos em tudo o que fazemos, mesmo na vida pessoal.

É claro que na prática isto não funciona. As pessoas não se esforçam para produzir quando sabem que o resultado não será para seu próprio proveito. As pessoas não aceitam docilmente a escravidão, mesmo quando o mestre de escravos é um governo que eles mesmos colocaram no poder.

A história de todos os regimes deste gênero é de uma progressiva violação das liberdades pessoais, necessária para conseguir manter a dominação econômica. É esta a explicação para a supressão da religião, da liberdade de imprensa, da liberdade de ir e vir, da leitura de livros “ideologicamente incorretos” e todas as demais violações de liberdade pessoal que sempre acompanham o Comunismo.

Como ficamos então? Não parece haver nada de errado em garantirmos liberdades pessoais, mas não é interessante isso se dar à custa de liberdade econômica. No próximo post vamos falar sobre a direita, e ver se ela é uma alternativa melhor ou não.

*Esse texto é uma compilação feita por mim a partir de muitos posts e ideias presentes, principalmente, em outros 2 blogs: lucianoayan.com e ocapitalista.com — seria perda de tempo tentar escrever tudo do zero sendo que estes caras já têm ótimo material a respeito do tema.

Série sobre Espectro Político:
- (1): de que lado fica a esquerda?
- (3): Aplicando o Gráfico de Nolan (Teocracia, Comunismo, Anarquia e Capitalismo)
- (4): Centro

Nenhum comentário:

Postar um comentário