sábado, 11 de agosto de 2012

Fogo amigo e como passar a mensagem certa politicamente


Mesmo que você não saiba o que é assistencialismo, qual a sua opinião sobre isso com base na imagem acima? É contra? Neutro? A favor?

Eu aposto que sua posição vai de "neutra" a "a favor"; dificilmente "contra".

O detalhe é que essa imagem foi publicada na página Ser Libertário, no facebook, que tem filosofia CONTRÁRIA ao assistencialismo. Era pra ser uma crítica, era pra despertar nas pessoas a opinião contrária ao assistencialismo, mas parece até ter o efeito oposto e fazer as pessoas serem a favor! Como pode acontecer algo assim? Pessoas publicarem uma imagem como crítica e ela exercer o efeito oposto ao que pretendiam?

São as palavras e o uso que se faz delas. Como diz David Horowitz, É a política, estúpido!
"Em uma disputa política democrática, o vencedor é aquele que convence as pessoas a se identificarem com ele. Em uma democracia, este é o primeiro – e talvez único – princípio supremo da guerra política: o lado dos oprimidos, que é o lado do povo, ganha."

Reforcemos esse ponto. O vencedor é aquele que gera identificação com o público; o público se coloca do lado oprimido, logo, o vencedor é aquele que se coloca a favor dos oprimidos.

Não tem a ver com quem está certo ou quem tem os melhores argumentos. Se você duvida, continue lendo.

Vejam como assistencialismo nos é apresentado: "quando seu amor por estranhos é tão grande que você deseja que o governo roube outro estranho para ajudá-los".

O assistencialista aqui é aquele que tem um AMOR TÃO GRANDE por estranhos que faz qualquer coisa para AJUDAR essas pessoas. Quem é que não aprova isso?

O único ponto onde há algum resquício de crítica é quando se fala em "roubo", mas note que logo em seguida até a crítica é amenizada: "governo roube de outro estranho para ajudá-los". O roubo é desculpado em TODOS os aspectos: (1) motivação, (2) quem é roubado e (3) quem rouba!

(1) - a motivação: As pessoas não acham certo roubar, mas com certeza desculpariam um roubo feito "para ajudar os estranhos por amor".

(2) - quem é roubado: As pessoas não acham certo roubar e, especialmente, detestam ser roubadas. Era a oportunidade de gerar identificação, mas a crítica consegue falhar em TODOS os aspectos onde dava pra falhar: o roubo é cometido contra um "estranho" — não é nem o próprio leitor que entra como roubado! Não há identificação possível. E fala-se em roubar "outro estranho" para ajudar "outroS estranhoS". Fica óbvio que se está causando um dano mínimo a UM em nome de ajudar muitas outras pessoas.

(3) - quem rouba: o governo. Não é nem o próprio defensor do assistencialismo quem leva a culpa pelas ações que ele defende, fica tudo na conta do governo.

O que é sobrou pra se criticar, se responsabilizar ou se envergonhar nesse roubo? Absolutamente nada.

Nesses termos, os assistencialistas foram colocados do lado dos oprimidos, foram descritos como os que não medem esforços para ajudá-los. Enquanto isso, os libertários alegremente se agarram à crítica e declaram "Nós não temos um amor grande pelos outros, nós não damos a mínima para ajudá-los. Nós não gostamos do assistencialismo porque ele rouba de gente como nós, que não está nem aí, pra ajudar os outros".

Ora pipocas, como os libertários podem esperar vencer alguma questão política se eles entram já atirando em si mesmos e fazendo as pessoas acharem que o adversário é melhor, mais nobre e mais bem intencionado do que eles?

O post Direitos Sociais: aqueles que você paga mas não leva nos dá uma boa ideia de qual o problema como o assistencialismo. Não tem nada a ver com "gente que se importa com os outros" versus "gente que não se importa". Tem a ver com gente que DIZ se importar com os outros como pretexto pra TOMAR, via impostos, dinheiro de todo mundo (de mim, de você e, como impostos incidem sobre tudo e todos, tomar inclusive daquele que vai ser ajudado); tem a ver com políticos declarando lindas intenções pra arrecadar cada vez mais dinheiro em nome da assistência aos desamparados e desviar esse dinheiro no meio do caminho em benefício próprio e investir o resto de formas que discordamos (gastar em bolsas-esmola eleitoreiras em vez de investir em educação, por exemplo) — e ainda naquilo que for pra educação entregar um serviço muito abaixo do esperado.

Temos, inclusive, a imagem abaixo, mostrando que a caridade privada é mais eficiente do que o assistencialismo estatal:



A imagem do início passa LONGE de transmitir todos esses fatos.

Essa situação é um bom exemplo de por que, apesar de terem argumentos melhores, direitistas e libertários continuam perdendo debates políticos para esquerdistas. Do que adianta ter os melhores argumentos se a platéia, a partir de uma imagem simples e direta como a desse post por exemplo, já nem está te ouvindo porque acha que você está contra ela? A esquerda não está certa, nem defende a melhor proposta; apenas se posicionou politicamente como se defendesse mesmo os menos favorecidos. Em vez de apontar essa fraude, o outro lado a aceita e a reproduz. É por essas e outras que vemos a hegemonia do pensamento esquerdista, a Matrix Política que sempre comento aqui.

Agora, você acha que é mais fácil alguém assimilar a imagem com 2 linhas de texto ou isso tudo que escrevi nesse post? Pra ter chance de ser ouvido, é preciso acertar logo na primeira impressão e isso se faz com frases que sejam curtas e diretas. Por isso imagens assim são fundamentais — e precisam ser bem aplicadas.

O que essa imagem realmente deveria dizer é algo como:

"Assistencialismo: quando as pessoas querem que políticos roubem o seu dinheiro porque acham que eles vão saber doá-lo melhor do que você mesmo".


Agora deu pra ter uma opinião contrária ao assistencialismo?

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