domingo, 25 de maio de 2014

Livre iniciativa desperdiçada: como tropeçar na solução mas não vê-la


Quando falamos em retirar do Estado a atribuição de prover os chamados "serviços essenciais", muitas pessoas perguntam, horrorizadas, quem promoveria tais serviços sem a atuação estatal. Ora, as próprias pessoas, como esta matéria de hoje do Último Segundo ilustra perfeitamente bem:


Do outro lado da cidade, o problema é falta de transporte público. Moradores do distrito de Marsilac, no extremo sul da capital, não têm uma linha municipal dentro do bairro, e têm que andar cerca de 15 km para chegar a um ponto atendido por uma linha que os leve até o terminal Varginha, de onde podem fazer integração para outras áreas da cidade.

Segundo a auxiliar de serviços gerais desempregada Renata da Silva Jesus Bispo, 28 anos, que mora no bairro da Ponte Seca, dentro do distrito de Marsilac, desde o ano passado, os moradores da região pedem uma linha circular no bairro e a falta do transporte inviabiliza a busca por empregos e cursos fora do bairro. “A gente não pode trabalhar fora, tem que trabalhar aqui na roça. Não podemos estudar porque gastamos três horas andando até o ponto de ônibus. Tem gente que mora mais para o fundo e demora até cinco horas”, diz.
Para chamar atenção para o problema, em parceria com o Movimento do Passe Livre, responsável pelas manifestações de junho do ano passado, os moradores alugaram um miniônibus para fazer o trajeto entre o bairro de Mambu e centro de Marsilac, onde passa a linha para o terminal Varginha. A linha popular circulou por apenas um dia, no dia 11 de abril, e foi viabilizada graças a realização de um bingo na comunidade. O aluguel do ônibus custou R$ 600. “A gente quis mostrar para a prefeitura que a estrada da Ponte Seca tem condições de receber transporte e não seria caro”, disse Renata. Segundo ela, a linha popular fez o trajeto seis vezes e transportou cerca de 500 pessoas.
Percebeu algo estranho?

O ponto realmente interessante é que os movimentos sociais conseguiram viabilizar o transporte no local, mas devido à lógica estúpida do "popular" a coisa só durou um dia porque o aluguel veio de um bingo.

Se eles cobrassem a passagem, não conseguiriam os R$600 de aluguel do ônibus TODO DIA? De acordo com a matéria, foram 500 passageiros em 6 viagens. Cobrando R$2 de cada um, daria R$1.000. Paga-se os R$600 e ainda sobram R$400 pra colocar numa caixinha para a compra de um ônibus próprio.

Mas essa história de cobrar passagem é coisa de capitalista malvadão, certo?

Isso é o que a mentalidade anticapitalista e estatista faz de pior com as pessoas: torna-as incapazes de solucionar seus próprios problemas; tropeçam na solução e não conseguem vê-la.

Querem lutar eternamente por "direitos" em vez de se beneficiar diariamente por serviços.

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